O jornalista, escritor e compositor Adaides Batista dos Santos, o Dadá, natural de Porto Velho e que se mudou recentemente para Jaboatão dos Guararapes, em Pernambuco, é destaque no caderno de literatura do Jornal do Commercio, de Recife.
Dadá foi durante muitos anos o diretor de comunicação de várias instituições em Rondônia, como UNIR e Assembléia Legislativa.
Morando em Pernambuco desde o mês de maio deste ano, Dadá não tardou em se adaptar à fluente vida cultural do lugar.
O destaque no Jornal do Commercio veio por causa de uma poesia em que o escritor fala justamente do cotidiano recifense.
VIDA NOS RECIFES
A cidade se expande em assaltos, mortes e artes.
Na primeira curva estão estampados os fevereiros, Rios, pontes,
tantas mulheres, tantas pernas e nádegas.
A cidade é pura arte, malogro, pobres e indigentes.
Tudo fede com sabor de frutas novas pelas calçadas.
O sol brilhante e as águas azuladas banham homens gordos brancos,
Prostitutos não saciados com o melado do açúcar já levado.
O frevo come a mulata dos requebros azuis e febris.
A tarde ferve nas paredes carcomidas pelo antigo vento.
Tudo tombado como é tombada a vida em cada esquina.
Crianças apegam as moedas (desgostos) em suas mãos,
E a vida vibra num forró ensurdecedor nos olhos pretos
Da menina de cabelos desgrenhados, perdida nesse estrondo.
Muita água suja e brilhante no sol do fim de tarde.
A tarde toma as ruas e aquece a luta dos homens negros.
Mistura-se tudo: gente, comida, esgoto, suor e vidas.
A esperança anda com cada um no seu passo apressado.
Busca-se a felicidade como se cospe no chão da feira.
Busca-se a luta sorrindo na terra dessa gente de mil batalhas.
Vencer, passar, gritar, espernear, cantar alto o “buscar”.
Não foi a toa que cortaram a carne dessa gente com rios!
As pontes unem as vidas
e os sonhos olham vibrantes os dejetos.
Homens fortes e rudes teimam em navegar no mar podre.
As canoas deslizam cortando a lama como faca.
Os ricos vicejam em suas cadeiras de palhinha.
Os intelectuais explicam a vida dos guaimuns-gente.
Os artistas tudo vêem e transformam em plena rua tudo
Em vida, em beleza, nessa terra que explode de alegria e cores,
enquanto os ditos grandes ensurdecem querendo parar os tambores.
E a vida no Recife é mais vida que em qualquer lugar deste planeta TERRA!
* publicado no Jornal do Commercio:(http://jc.uol.com.br/subcanal.php?canal=318&pai=118)
sábado, 25 de agosto de 2007
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